terça-feira, 30 de dezembro de 2008

a música que 08 nos deu

Em jeito de um natural balanço anual que estas vésperas de fim-de-ano provocam, decidi juntar-me à escolha dos melhores discos de 2008 que tenho vindo a acompanhar por essas páginas web que, por mera mania, vou consultando diariamente. Apesar de umas me parecem mais sensatas do que outras, a coerência mais ou menos generalizada do top acaba por me parecer sintomática da posição cada vez mais relevante que este novo rock dançante começa a ganhar. acaso que não me traz, obviamente, nenhum azedo à boca (antes pelo contrário), parece-me de salutar, mas opto por outros.

bom, 
não me ligando tanto a esse movin' style aquando do uso mais pessoal da música, para mim a coisa não precisou de muito para se resolver, foi de facto mais fácil do que pensava:

3. Ray LaMontagne, gossip in the grain  -  "let it be me.."

2. Tiago Guillul, iv  -  pois este foi o ano de confirmação da Flor Caveira, e as coisas só agora começaram.... e é punque roque português, carago.

1. Bon Iver, for emma, forever ago -  porque sou um perdido por qualquer acto de pura beleza.


bom 2009,
r.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Stand by me

É que é mesmo muito por aqui:


a.

"Every night has a soundtrack"

O Natal foi bom?
E de resto, tudo espectacular?
Ok, não me interessa. E não me interessa porque estou aqui para falar do Michael Cera e de como ele está a tornar-se num enorme actor - apesar de não conseguir livrar-se daquela voz de pré-adolescente.
Vi-o primeiro em Superbad, depois em Juno e agora espero vê-lo muito em breve em Nick and Norah's Infinite Playlist (que, já agora, inclui Vampire Weekend, Shout Out Louds e Modest Mouse). Que é como quem diz: saquem lá isso da net com urgência, faxabor.

a.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

haverá, mais logo, uma jukebox perto de mim?

boas festas!!

não sei se os meus cúmplices marítimos vão achar graça de andar para aqui a desejar bons natais, muitas prendinhas, que o bacalhau não esteja muito salgado, que as rabanadas não tenham muito óleo e os sonhos estejam, claro está, um sonho. mas que se dane, eu desejo na mesma, a todos uma óptimo véspera de dia e um sereno dia. ah, e claro, o desejo estende-se a vocês também, estimados a. e x.. :)

e em época de ofertas, deixo-vos com a minha banda natalícia numa versão especial (com kazoo à mistura e tudo) de um tema muito apropriado para esta época. isto claro, se considerarmos que o jack, the pumpkin king, pode muito bem sabotar também este natal.

ladies and gentlemen, we only come out at night by Smashing Pumpkins,



tudo de bom,
r.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

primeiro Polly Jean agora Fiona



estou para aqui a tentar perceber o que possa escrever sobre esta performance da Fiona e do Costello mais a sua banda, mas sinceramente vou desistir porque não consigo. 

no outro dia perguntaram-me se não achava também que a fala era uma prisão, pois raras são as vezes que conseguimos explicar verbalmente aquilo que sentimos de uma maneira exacta. ficando parte por dizer, mais por explicar, outra mal dita, ou ainda pior, coisas ditas da maneira errada, funcionando não para esclarecer mas para confundir, afastar, desconfiar e apertar ainda mais essa gaiola que carregamos.


hoje, consciente, sinto essa limitação para comunicar, 
por isso,

esta "i want you" não se explica. 

"everything else is a waste breath",
r.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Son of Rambow

Vão aonde a imaginação vos levar.
Mesmo que seja ao hospital.

a.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

go get some sun screen...



conheci esta excelente série através de um amigo americano que, entre outras coisas, se dedica ao stand up comedy pelos palcos de L.A... estávamos num beco bem escondido de cebu city onde as barracas pareciam estar construídas com dvds. não havia parede, tecto, coluna... e, não tentei, mas asseguraria que até o lavabo estaria coberto de dvds. estas lojas ultrapassam em escala inimaginável o universo top manta que existe na europa. não é apenas haver milhares de dvds a cobrirem quarteirões inteiros, é o próprio conceito de dvd pirateado que está mais desenvolvido.

mais que dvds, o que eles vendem são clubes de vídeo em digital video disc... são pequenos exercícios de marketing pensados ao pormenor para o público alvo. assim num só dvd encontramos: os 50 melhores filmes de guerra do vietname; as 25 histórias de amor mais absurdas do século xx; as trinta comédias românticas de meg ryan e tom hanks; o melhor de sylvester stallone; vietname vs iraque; chuck norris vs jackie chan; coelhinhas da playboy vs arnold schwartzenegger; you name it...

bem, amigo meu, stand up comedy, aconselhou, dvd... eu, que não conhecia, rapidamente aceitei o seu conselho e não será necessário dizer que, sendo eu um consumidor sério e voraz de televisão, rapidamante devorei os 17 episódios com gargalhadas maravilhadas. ando agora a consumir as duas últimas temporadas. cada episódio de it's always sunny in philadelphia é um genial tratado de 22 minutos sobre política, cultura, solidariedade, geoestratégia, recursos humanos, amizade, sexo, amor... ou como dar a maior facada no amigo de modo a atingir o máximo de benefício pessoal. 5 personagens egocêntricos e pouco mais do que isso vivem os sonhos mais estapafúrdios que se lhes ocorrem... tendo sempre como príncipio que se o outro conseguiu ele também o conseguirá. meios não importam para atingir os fins... e os fins, sempre inalcançaveis, são retransformados em novas apostas para atingir a fama e a riqueza... ou apenas para perveter a situação.

e como aqui gostamos de dar música, fica um bocadinho do episódio em que decidiram ser estrelas rock.



x.

pioneer to the falls

ao ler uma citação do António Alçada Baptista num blog nosso vizinho lembrei-me de uma frase íncluida numa faixa dos albuns que mais ouvi no ano passado. album esse que me parece um dos melhores desse ano: our love to admire dos Interpol. 
a música em questão é a pioneer to the falls, a frase é "i pull the black from the grey" que tão bem sintoniza com "...porque procuro ter uma visão estética da vida e o ódio e a agressividade são coisas muito feias" de António Alçada Baptista, citada nesse blog. 
na altura em que encontrei o our love to admire dediquei-me de tal maneira à banda, ao album, à música e à frase que fiz para meu uso pessoal um desktop que me fosse relembrando de fazer isso, ir retirando o negro sempre que as coisas me soavam a um cinzento escuro, denso, que dificilmente se consegue ignorar. ter por perto uma mensagem de que se é capaz de alterar as pequenas coisas que chateiam no percurso de um dia fez-me bem. 
mesmo não sabendo se o havia conservado aqui pela pasta da tralha que vou encostando após a usar procurei por ele, conseguindo finalmente o encontrar e voltar a usá-lo como fundo daquilo que diariamente olho. não só voltei a usar o desktop como voltei a ouvir o album e os interpol pelo menos uma vez por dia, fazendo-me novamente esse bem de outrora.

as boas coisas são assim, 
volta e meia relembradas por outras coisas boas.
r.





terça-feira, 9 de dezembro de 2008

para uma futura catarse...




confesso que não prestei demasiada atenção a este septeto galês. rock independente juvenil com consciência da efemeridade da sua condição... blablabla... o certo é que o ouvido, através de descargas eléctricas, comunicou ao cérebro a sua rápida avaliação negativa. algum tempo depois, um dos meus mais queridos interlocutores chamou-me à atenção para uma canção e, particularmente, para este vídeo. corri às fontes... e depois de uma breve reunião às portas fechadas olhos e ouvidos acordaram na qualidade da música. numa dimensão muito mais pessoal a canção relançou uma vontade tremenda de catarse numa pista de dança...

encontro-me, aliás, neste momento a ouvir o que está disponível no myspace e o ouvido diz-me que gosta e muito... como foi injusta a primeira avaliação sobretudo vindo de alguém que conhece tão bem o que eles cantam.

los campesinos! : we are beautiful, we are doomed [wichita/ arts & crafts 2008]

http://www.myspace.com/loscampesinos


x.

p.s: ah curiosamente, este disco foi, também, gravado em seattle.

i send this smile over to you

foi através de um velho truque que há 14 anos vim a descobrir os Smashing Pumpkins. andava eu, em época natalícia, à caça de albuns na saudosa discoteca aveirense Estúdio Um para incluir na minha lista de presentes desse ano quando vejo uma capa com duas meninas equipadas de asas de fada, numa foto que me pareceu demasiado caseira e pessoal para ser de um album mainstream que naturalmente achasse o seu lugar ao lado dos já habituais U2, George Michael, Madonna ou Metallica. aquele teria de estar ali por outra razão. o nome Smashing Pumpkins não me era totalmente desconhecido, achava eu que já tinha ouvido os gajos fixes do 9º ano lá da escola, aqueles dos cabelos marados, brincos e guitarra  às costas falarem deles na fila do bar. "rock à séria!" pensava eu te-los ouvido comentar. curioso, peço para ouvir aquilo que ainda não tinha percebido que segurava, e ao final da faixa seis já estava a contar os trocos que um puto do ciclo tem para a cantina e autocarro, a ver se a coisa bem esticada chegava para o preço que me apresentavam na parte de trás da caixa. 

este não foi para a lista, não podia dar-me ao luxo de não o receber. veio nesse dia comigo para me começar a ensinar como o rock deve soar.


desde então, são, e acho que pouco me engano ao afirmar que serão sempre, o maior destaque da minha playlist natalícia. não me há-de ser natal se a disarm não tocar, e nunca passarei bem uma consoada se não ouvir Smashing na manhã desse dia. 

em boa verdade, não passarei bem um ano que seja.


"rock à séria" diziam eles, só posso concordar.


quero aproveitar, já que os SP são também para os corações quentes, para renovar a minha alegria de ver o meu irmão Filipe em tão boa nova fase de vida. 

sabes que o teu bem estar é parte do meu, como foi bom ver-te assim.

abraço bro,

i send this smile over to you,


r.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não bebi uma única cerveja no Super Bock em Stock

O que é mais uma forma de dizer: não gosto de chamar aos festivais nomes de cerveja.
Tirando isso, o tal festival com música em stock deixou-me de barriguinha cheia. Vi pela primeira vez Zita Swoon ao vivo. Os senhores superaram-se, deram um concerto inesquecível, literalmente rodeados de pessoas (tocaram no meio da plateia) que não arredaram pé do Teatro Variedades até a organização decidir que era melhor pôr música gravada para despachar o pessoal. Foram mal educados com o público e com a banda, mas horários são horários, não é? E nós somos conhecidos internacionalmente pela nossa pontualidade. Percebe-se.



Antes de Zita Swoon, Marcelo Camelo foi outro dos pontos muito, muito altos daquele festival coiso com música em stock. O ex Los Hermanos apresentou-se em palco com mais 7 músicos. Juntos conseguiram atirar para o ar uma confusão de sons capaz de arrepiar. Marcelo Camelo foi muito inteligente a escolhê-los. Foram eles que conseguiram dar ao vocalista a dimensão astronómica que ele atingiu em tantos momentos do concerto.



Uma palavra ainda para o primeiro dia de festival, que tinha um cartaz, na minha opinião, bem mais fraquinho que o do segundo. Ainda assim, gostei muito do concerto de Aquela Ruiva Bem Sexy (A Fine Frenzy, no nome original). Não sendo música de nos fazer arrepiar, a menina Alison Sudol deu um concerto bem divertido. E para além de ser realmente uma ruiva bem sexy bebe chá em palco, o que, só por si, já é interessante de se ver. Eu bebia um chá com ela.



Ficou muito por ver e ouvir, mas não precisei de mais.

a.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

isto devia ser bem guardado, mas sinto-me generoso...



ninguém diria. os recortes rurais deste disco contrastam demasiado com a origem da banda. Seattle, cidade onde se formaram e um dos centros mais prolíficos de música alternativa desde os anos 90, acolhe este regresso ao passado da folk, do country e da américa conduzido magistralmente por Fleet Foxes. sem dúvida um dos mais belos discos do ano.

Fleet Foxes: Fleet Foxes [sub pop 2008]

x.

a Saramago e a todos,

fico triste,

li à pouco na mesa do café, a reportagem de uma jornalista do público, que não me recorda o nome, sobre o lançamento do último livro de José Saramago que se deu ontem no auditório do CCB. a dita reportagem, além do irrelevante espaço disponibilizado pelo jornal retrata o que menos de interessante por lá se passou. também lá estive e tirei muito mais daquelas horas do que ela agora me transmite, ou por outra, filtrei os assuntos doutra maneira. centrada mais nas piadas (sempre boas, mas de momento) do autor do que na sua luta académico-literária perante o reconhecimento e conflito entre autor e narrador e na já histórica batalha do mesmo para com a falta de seriedade que se tem abordado os (nossos) direitos humanos, o relato desta jornalista deixa escondido o que de lá devia ser trazido aos ouvidos (neste caso, olhos) de todos.
desde o discurso da entrega do prémio Nobel que Saramago alerta para o desprezo da sociedade dos seus próprios direitos, mas parece que nada serve falar se os canais devidos entopem, como se prova.

fico triste,

que quando alguém com o estatuto de Saramago tenta reforçar, esforço atrás de esforço, a atenção de uma mínima audiência para este assunto, nem uma jornalista de um órgão de comunicação nacional de eleição lhe ligue patavina.

fico triste,

que poucos farão mais do que lhe sugar histórias e não o tentem ouvir.

fico triste, mas não farei tal coisa. irei juntar-me a uma luta e voz que é também minha, aliás, de todos.
ainda não sei qual a minha arma nesta batalha, mas faço por descobri-la.
para já, exponho os ditos direitos em link em anexo.

sem mais,
agradecido a José Saramago por ainda se partilhar desta maneira,
desejo-lhe as rápidas melhoras,
r.


Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de Dezembro de 1948,
www.cirp.org/library/ethics/UN-human/

Fundação José Saramago,
www.josesaramago.org