domingo, 9 de novembro de 2008

land of opportunity

Paralelamente às minhas inclinações e valores políticos andei atento ao que se passava para lá do Atlântico, não só nesta recta final, mas desde o duelo que opunha Hillary a Obama. Não vou comentar, analisar, ou sequer tomar alguma posição nisto, espero só um dia pensar em boa felicidade que sou contemporâneo a um homem chamado Barack Obama, aquele que acreditou e fez acreditar, motivou uma nação de tal modo que motivou o mundo.

Vou, em vez, tentar reproduzir um exercício que vinha a fazer no comboio a caminho de Aveiro: lembrar-me das coisas que me são boas e importantes provenientes desta nação. Já que a sua cultura, produtos e costumes tomam uma boa parte das nossas vidas. Pelo menos da minha.

Ora, começando:

Esta é a terra onde o Woodstock se deu e muito afectou, onde Jimi Hendrix ensinou a todos que a guitarra não se toca unicamente virada para a equerda, com a corda mais grave em cima ou sequer com palheta, onde Jim Morrison abriu as portas ao lado obscuro de tudo que possui luz, onde Heath Ledger pegou num Joker já pavoroso e transformou-o no sociopata que desde então irá assim ser lembrado, onde o Iron and Wine escreveu a bela e analgésica Passing Afternoon, onde se criou a melhor parábola da sociedade do séc. XXI passada em Princeton - Plainsboro Teaching Hospital e centrada numa personagem de nome House (encarnado num inglês é certo, mas pronto), onde um rapaz loiro e desleixado chamado Kurt pegou na batuta de maestro da minha geração rasca e fez com que tivessem cuidado connosco (Nevermind everyone!!), onde Tim Burton nos mostrou um fabuloso cavaleiro sem cabeça, um doce Jack e até mesmo um Edward com uns dedos "esquisitos" e que nos vai agora mostrar também a sua Alice (não estão ansiosos?), onde o sr. Paul Rand ensinou que o design não é uma concha vazia que apenas embeleza (não andou sozinho nisto, mas este é americano), onde nasceram e muito nos mostraram Charles and Ray Eames, onde se ouviu, cravando-se em pedra para a eternidade: "i have a dream", tornando a cor com qual se nasce algo para ser entendido como um quase nada, onde Marylin Monroe mostrou que se pode ser sensual sem que se lhe aponte o dedo da ordinarice, onde um grupo de rapazes por causa da compota da avô Pearl decidiram chamar-se Pearl Jam aventurando-se a fazer umas "músicas", onde aconteceu a Seattle dos anos 90 (long live grunge!!), onde o Jeff tornou-se imortal com um único album, hope you're living in grace, r.i.p., onde um pai Copolla primeiro faz uma trilogia que simplesmente se tornou no melhor "filme" de sempre e depois cria uma Sofia, também ela cheia de virtudes, onde se gera um movimento musical chamado new metal, que acabei (com um oceano no meio é certo, mas) por fazer parte íntegrante e que nos deu além da música um modo de vida e uma data de valores onde o saudoso skate e a guitarra eram mais que uma tábua com rodas ou uma caixa com cordas, onde se inventou a fórmula secreta mais cobiçada em todo o mundo e que me faz dizer "não há hambúrguer como o do Ramona e este nada é sem a Coca-Cola a acompanhar", onde Jack Kerouac mostrou que não precisamos de viver a vida de uma maneira só confortável, but On the Road, onde o Bob achou-se rapaz para se chamar Dylan, o Cohen, Leonard, o Cash, Johnny, a Amos, Tori (sabiam que os rapazes maus vão para Pele?), a Simone, Nina e já agora o Presley, Elvis - the king has left the building - são quem são, onde se ergueu uma cidade que se considerou ser a Nova Iorque, em que a altura perto do Natal com neve certinha, as luzes da cidade a aquecer, o cachecol apertado dentro do casaco e com o sopro quente para as mãos fechadas à frente da boca me é cinematograficamente mágico, onde a Pixar disse que a bonecada vai seguir um novo rumo - e o que muito lhes agradeço sempre que sai um novo filme! 'bora wall-e, o importante é nunca desistir! Mesmo que para isso tenhamos que percorrer o universo com um extintor...

E entretanto chego à estação de Aveiro, muito haverá ainda por relatar, lembro-me vagamente de Sonic Youth, Smashing Pumpkins, Star Wars, Apple, NBA, Michael Jordan, Tarantino, Pulp Ficition, Zach Braff, Seinfeld, Adam Brody, e quem sabe, Barack Obama. Tudo o que vou indicando são coisas que me ocuparam e ocupam generosa parte do meu tempo e dedicação, mas não será por isso que vá sentir-me americano, nem por sombras. Daí que em relação a estas eleições só lhes tenha dado a atenção devida, mas como tudo o que eles decidem ou fazem nos vai invariavelmente tocar espero estar a assisitr à bem falada mudança.

Bom, vou é por-me a andar que, aqui pela Europa vai na volta e faz frio. Deixo-vos com uma frase que me parece apropriada neste momento, "anyone can cook" já dizia o chefe Gusteau no início do Ratatouille. Yes, we can, chef Gusteau, yes we can.


r.

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